27 de jun. de 2012

CUIDANDO MELHOR DOS REPRODUTORES


Antonio Ramalho
Lendo o artigo “Manejo de Reprodutores – Novos Métodos” de autoria do companheiro Newton Martelotta, publicado no Boletim nro 9 da OBJO, achamos oportuno tecer maus alguns comentários sobre o confinamento de reprodutores em gaiolões. Estamos de pleno acordo que esse procedimento não é ideal, mesmo que o número de pássaros seja compatível com o espaço livre da voadeira. Na realidade a maioria dos criadores maneja incorretamente os reprodutores no estágio final da temporada de cria, direcionando a manipulação aos filhotes obtidos. Assim, os canários adultos são levados às voadeiras sem quaisquer cuidados, exatamente quando estão mais debilitados pelo estresse natural da estação de cria e em início da muda de penas. Todo criador mais atento já observou que, numa comunidade, alguns pássaros, graças as suas melhores condições físicas e/ou pelo seu “temperamento”, passam a atacar constantemente outros, mais fracos ou “dóceis”, que além de traumatizados fisicamente não conseguem alimentar-se adequadamente e, na maioria das vezes, acabam sucumbindo. Os pássaros com esse tipo de comportamento são chamados pelos europeus de “dominadores” e “dominados”. Esse fato é mais dramático entre os machos adultos, especialmente durante a fase final da muda de penas, quando alguns que já estão mais adiantados e mais fortes, dominam os mais fracos na competição pela alimentação e espaços no gaiolão. Inclusive, entre canários adultos, é comum observar-se que os machos dominados chegam mesmo a ser subjugados sexualmente e acabam desenvolvendo modificações do comportamento sexual, tornando-se, freqüentemente, improdutivos quando acasalados. Entre os filhotes também observa-se o comportamento dominador-dominado e, a simples intervenção do criador, separando em tempo o pássaro dominado, propiciando-lhe tranqüilidade e alimentação adequada, na maioria das vezes, constitui medida suficiente para a sua recuperação. A nossa experiência como criador e expositor, tem mostrado que os filhotes individualizados precocemente, por traumatismos ou debilidade, acabam não só se recuperando, mas também se destacando pelo seu desenvolvimento e qualidade de empenação. Se o pássaro possuir então qualidades potenciais, esse procedimento evidenciará, sem dúvida alguma, todo o seu padrão. Sabemos entretanto que mesmo numa criação de pequeno porte é praticamente inviável a individualização de todos os pássaros, principalmente por problemas de espaço. Assim, é difícil prescindir o uso de voadeiras, mas alguns cuidados precisam ser tomados, além daqueles assinalados pelo Martelotta. Os pássaros adultos devem ser cuidadosamente examinados para avaliação do seu estado geral, decidindo-se então a forma mais conveniente de aloja-los. Deve-se proceder a limpeza dos pés e o corte das unhas, pois temos observado que os problemas dos pés, provavelmente por causarem dor, deixam os pássaros estressados, indispondo-os para a alimentação, resultando muitas vezes, na porta de entrada para a instalação de diversas patologias com maior comprometimento ainda do seu estado físico. Nessa ocasião deve-se também realizar tratamento preventivo ou curativo dos problemas respiratórios e pulverização contra ácaros (e parasitários). Os pássaros devem ser alojados de forma que os mais “fracos” não permaneçam junto com os mais “fortes”,reservando-se a individualização para aqueles que inspirem maiores cuidados. O uso de poleiros individuais evitam a bicagem o que, especialmente entre os mosaicos, é de fundamental importância e, se o número de indivíduos for adequado à área da voadeira, os pássaros, além do espaço necessário para as suas atividades, conseguirão manter-se tranqüilos, não sendo constantemente importunados pelos seus vizinhos. Os filhotes também podem ser alojados inicialmente em voadeiras, observando-se a idade e/ou o estado físico dos mesmos. No início da muda de penas devem ser transferidos para gaiolas de cria, procurando-se alojar no máximo quatro espécimes por gaiolas, considerando sistematicamente os critérios já discutidos. Dessa forma, mesmo a rápida inspeção diária, permitirá identificar os pássaros que estão com problemas, os quais devem ser individualizados para a competente atenção. Se o criador possuir gaiolas individuais, tipo exposição, poderá iniciar a separação dos melhores pássaros destinados aos concursos. Senão, poderá utilizar as próprias gaiolas de criação providas de grade de separação, alojando um pássaro de cada lado, tomando entretanto o cuidado de dispor os poleiros de tal forma que evitam danificar as penas da cauda pelo roçamento constante contra as barras das gaiolas. Evidentemente, essas medidas são do conhecimento da maioria dos criadores, que infelizmente as negligenciam.
Por essa razão voltamos a destaca-las e, quem sabe, com a sua aplicação, muitos criadores possam substituir o desânimo comum da época da muda de penas pela satisfação em acompanhar o desenvolvimento sadio do seu plantel.

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