Ivano Mortaruolo
ItáliaRevista Pássaros n0 22/2000
As espirulinas são
um grupo de microalgas (com diâmetro de 50 microns e com comprimento de cerca de
250 microns) que se caracteriza pela peculiar forma espiral da qual originou o
seu nome. Existem espécies que vivem em água marinha e outras típicas de água
doce, mas o destaque é para aquelas de interesse alimentar (Spirulina máxima, S.platensis,
S.fusiformis) que se encontram predominantemente nas quentes águas doces das
zonas tropicais e subtropicais, caracterizadas por altas concentrações alcalinas
(pH 11 e outros), habitat este que certamente não favorece o desenvolvimento de
muitas formas de vida
O uso alimentar da
espirulina (ditas também algas azuis), por parte de algumas populações que vivem
ao longo do lago Cid, é conhecida desde os tempos dos antigos romanos e,
atualmente, tais habitantes a utilizam junto com a farinha e mel na preparação
de biscoitos
Relativamente
recente são, ao contrário, o conhecimento das suas propriedades nutricionais e
extra-nutricionais. Ao que se refere o primeiro aspecto, pode-se destacar que
estas algas são caracterizadas por altas percentagens de vários princípios
nutritivos. Para dar um exemplo, relato alguns dados obtidos das análises
efetuadas na Spirulina máxima
(originária do lago Texcoco, México); proteínas brutas 71% (constituídas por 18
aminoácidos, muitos dos quais essenciais); betacaroteno (vitamina A) 110mg/kg;
cianocobalamina (vitamina B12) 2 mg/kg; (esta concentração é considerada a mais
elevada de todos os alimentos); tocoferol (vitamina E) 190mg/kg.
Tal produto de alga
é colocada no comércio sob forma de tabletes e comprimidos após haver sido
submetido a um processo de desidratação que garante uma longa conservação e
manutenção dos princípios nutritivos.
A sua administração
no homem é considerada útil na luta contra a Aids e em outros eventos
patológicos de natureza neoplástica e viral. Sua ação é também importante nos
casos de desintoxicação, na convalescença e em inapetências.
Não surpreende
assim, que o uso da espirulina já tenha sido feito também nas aves.
Na natureza, na
Great Rift Vallery (África), os flamingos vermelhos conseguem manter viva e
brilhante a cor da sua plumagem graças à ação dos fitopigmentos contidos na
espirulina (absorvem com a peculiar filtragem da água mediante as lamelas do
bico).
Como destaque
aparecem os resultados das experiências conduzidas pelo professor Ernest Rosa
(Universidade do Havaí) em codornas, as quais expressam um índice de fertilidade
altíssimo (96,1%).
A espirulina se
revela assim um apreciável imunomodulador, em grau de potencializar a produção
dos linfócitos T, anticorpos e células "killer",constituindo assim um natural
instrumento de prevenção de numerosos processos mórbidos.
No passado efetuei
várias experiências em um grupo de diamantes mandarins (todos aparentados entre
si e que, no exame objetivo, se revelaram com ótima saúde: a alguns foi
administrada a mencionada alga na ração em razão de 1
a 2% pelo menos por 3
a 4 semanas. Os outros, ao contrário, eram
privados desta dieta. Depois, a todas as aves eram fornecidas sementes
contaminadas com colônias de Escherichia
coli. Os resultados confirmaram, embora de maneira não uniforme, que os
pássaros do primeiro grupo ficaram menos inclinados a adoecer.
Pelo exposto, a
integração da espirulina na alimentação das aves deve Ter grande interesse. Os
únicos inconvenientes são constituídos particularmente pelo sabor e também pelo
odor e cor (embora eu tenha observado papagaios e mainás comendo prazerosamente
pedaços de comprimidos de alga) além do custo relevante (na Itália faltam
produtos para uso zootécnico e para se adquirir necessita-se ir a farmácia ou
casas de ervas).
Antes de concluir
esta breve nota, desejo destacar que a dosagem aconselhável é de 1% em relação
aos alimentos consumidos e que uma quantidade excessiva é considerada uma
possível causa de fenômenos diarréicos. Porém, pelas minhas experiências,
elevando o percentual de espirulina a 10-20% não evidenciei nenhuma manifestação
patológica em relação ao aparelho gastroentérico.
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