4 de nov. de 2011

LENDAS E VERDADES SOBRE A HISTÓRIA DOS CANÁRIOS



Revista UGCCOVP-1999
Fábio J. F. Paiva de Sousa Junior
Arquivo Edtiado em 28 Dez 2003
 
Existem muitas histórias sobre a criação de canários, algumas dizem que eles estão extintos no ambiente natural, outras dizem que foram reintroduzidas a partir da criação doméstica e existem nas mais variadas cores no seu habitat original. Sobre o aparecimento dos canários dizem que se deve a naufrágios e até a magos e fadas. Na verdade a origem da espécie mais provável é a de um bando de pássaros fringilídeos, provavelmente africanos, levados por fortes ventos, foram para as ilhas Canárias. Lá encontrando um clima bem diverso do atual, fixaram residência. Após isto se adaptaram as mudanças de vegetação e tornaram-se os canários que os conquistadores encontraram.
Seja de que forma foi, os conquistadores quando chegaram as ilhas depararam-se com um pássaro muito semelhante aos nossos verdes de hoje, porem todos nevados e com muita feomelanina. As diferenças entre machas e fêmeas eram poucas, além do canto a fêmea era mais nevada que o macho, dando a coloração um tom mais apagado. O pássaro verde teria passado desapercebido, não fosse o seu canto mavioso e a maravilhosa corte que o macho executa para a fêmea, voando em círculos enquanto canta.
A sua adaptação ao cativeiro foi rápida e fácil, passando primeiro para corte européia e depois para a burguesia ascendente e com muito gosto por novidades. No princípio do século XV Jean Bethencourt levou muitos exemplares de presente para o Rei Enrique III de Castilha e par a Rainha Isabel da Baviera, esposa do Rei Carlos VI da França. Ao mesmo tempo alguns marinheiros portugueses, a serviço de Dom Henrique – O Navegante, levaram alguns exemplares para Portugal.
As constantes migrações dos povos, dentro do continente europeu e as imigrações contribuíram para a rápida distribuição dos canários pelo mundo. Em meados do século XVI já era conhecido em toda Europa e América. Contam os historiadores que em 1556 o canário chegou a América espanhola. Dizem que o Padre de Tenerife, José de Anchieta era chamado “El Canário” em alusão a voz do pássaro.
Muitas lendas correm sobre o canário. Dizem que os mineiros da região do Hartz na Alemanha, levavam canários para as minas. Como era por hábito para precaver-se das emanações venenosas, como o canto era por demais alto para suportar nas minas, iniciaram a seleção de canários que cantassem mais baixo e ensinavam eles a cantar com uma flauta. Assim criaram o Hartzer Roller.. Na verdade os mineiros da região do Tirol, após a extinção das minas naquela região, foram para a região do Hartz, levando consigo todas as suas criações. Eles já criavam canários na sua região. Devido a necessidade de uma grande quantidade de canários para suprir os mineiros a criação desenvolveu-se junto com a moda, surgindo raças novas para criar a diferença de venda, algo assim como: “...o meu é melhor porque...” Parece que nesta região surgiu também a primeira mutação, um belo tom de amarelo, provavelmente restrito inicialmente a algumas penas, como se observa hoje nos pássaros  silvestres.
Outra lenda conta do naufrágio de um carregamento na ilha de Elba, dizendo que esta é a origem dos pássaros na Itália, contando também ao contrário, ou seja, que assim surgiram os canários nas próprias Ilhas Canárias. Dizem também que o antigo apelido de “Pássaros de Açúcar”, devido a doçura do seu canto, vem do fato que os canários alimentavam-se de cana-de-açúcar e assim atribuem este fato a sua voz. Afirma-se que a rainha Isabel de Espanha, ao receber canários de presente, gostou tanto que tornou-se criadora, tendo pássaros das mais variadas cores e que mandou fazer anéis de ouro para os seus pássaros . No entanto o hábito de anilhar os pássaros é muito posterior a época.
Leonardo Carreras dizia em seu livro que o canário havia desaparecido nas suas ilhas devido a caça indiscriminada. Esta idéia incorreta permanece em alguns lugares até hoje, sendo inclusive afirmado que os pássaros encontrados nas ilhas hoje em dia são fruto da reintrodução, sendo de fenótipo diferente do original, inclusive malhados de amarelo. Entretanto ainda hoje são encontrados pássaros no arquipélago no seu estado selvagem original.
Há ainda um livro espanhol do século XVIII que diz que o criador de canários é sempre um homem de boa índole, e que daria um bom pai e membro respeitável da sociedade. É necessário dizer isto ao homem de Alcatraz, que condenado a perpétua na solitária, dedicava o seu tempo “livre”, coisa que tinha de sobra, à criar canários.
Muitas lendas tratam também da origem mítica dos canários, dizendo que os magos criaram o canário como companheiro do homem das regiões mais inóspitas. Certo no entanto é que lendas a parte, o Hobby da criação de canários muito agrada o homem. Transformando o canário em figura obrigatória em quase todas as casas em que se deseja um animal limpo e tranqüilo. A sua docilidade e a sua capacidade incomum de cantar ininterruptamente, como se não precisasse respirar, fazem dele um pássaro admirável. Instigando em todos um sentimento de beleza, tranqüilidade e inocência, quem não torce pelo Tweety (nome original onomatopéico do desenho animado, o som da chamada do canário) o nosso conhecido Piu-Piu, inimigo do gato Frajola.

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