Dr. José António Cardinalli
Professor Universitário
Revista UCCC 2004
Arquivo editado em 22/05/2005
Professor Universitário
Revista UCCC 2004
Arquivo editado em 22/05/2005
O canário, entre as aves, é uma que exerce verdadeiro
fascínio sobre o homem, atraindo-o não só pelo seu belo canto, como mais
precisamente pela beleza e riqueza de suas plumagens com miríades de detalhes
que nos enchem os olhos. Em razão disso, o canaricultor, na esteira do tempo,
procura a determinação do biótipo ideal, que apresente as características
estéticas por ele almejadas. O mais comum é o acasalamento de espécimes que
apresentam características harmônicas e compatíveis com os padrões estabelecidos
pelo homem como estéticos, sinônimo de bonitos.
Porém, é necessário fazer-se uma indagação. Por que
se cruzando um campeão (91 pontos) com uma campeã da mesma pontuação, muitas
vezes o resultado se mostra uma frustração Os resultados, biotipologicamente,
podem ser um desastre, não se parecendo os filhotes nem de longe com os pais
campeões, já que estes possuem características invejáveis.
Outras vezes, cruzamos campeões com canários do
plantei sem grandes atributos biotipológicos desejados, e, de igual modo, os
resultados se apresentam frustrantes. Tais cruzamentos originaram filhotes com
características decepcionantes.
Outras vezes, ainda, espécimes sem grandes qualidades foram cruzados, resultando em indivíduos com características excepcionais, verdadeiros campeões, a espelhar os padrões estéticos estabelecidos pela canaricultura.
E surgem a eterna dúvida e a devida e constante indagação: porquê?
Hoje se procura a resposta na ciência em evidência, com enormes avanços no estudo do aperfeiçoamento biotipológico e físio-metabólico dos seres vivos, a genética.
Outras vezes, ainda, espécimes sem grandes qualidades foram cruzados, resultando em indivíduos com características excepcionais, verdadeiros campeões, a espelhar os padrões estéticos estabelecidos pela canaricultura.
E surgem a eterna dúvida e a devida e constante indagação: porquê?
Hoje se procura a resposta na ciência em evidência, com enormes avanços no estudo do aperfeiçoamento biotipológico e físio-metabólico dos seres vivos, a genética.
Com a devida licença, é necessário nos reportarmos a
certos conceitos dessa ciência fascinante, absorvente e embriagadora.
De crucial conhecimento, que as células germinativas portam uma
dupla helix constituída de proteínas e bases nitrogenadas, que compõem o DNA
(sigla inglesa para o Ácido Desoxi Ribonucléico).
São os denominados genes, biopartículas encontradas no núcleo das células germinativas e somáticas. Esses genes portam as características físio-metabólicas e biotipológicas do indivíduo. Em realidade eles são os responsáveis pela guarda das características ancestrais transmitidas pêlos pais ao portador. Reúnem-se em grupos, enrolando-se em novelos e dando origem á denominada cromatina. No momento da fecundação, esse novelo se desenrola, originando os cromossomos em forma de bastonetes, em pares, que na espécie do canário (Serinus canarius) são em número de 18 a quantidade de pares varia de acordo com a espécie animal. Cada espécie animal possui, assim, diferentes números de cromossomos, os quais transmitem caracteres diferenciais. Esses cromossomos são de dois tipos: os autossômicos e os gonossômicos, também denominados sexuais. São eles responsáveis pelas cores e brilho das penas, pelo tamanho do bico, dos olhos e da cauda, volume da cabeça, forma e tortuosidade da coluna, bem como pelo porte do canário. Enfim, por todas as características do pássaro.
São os denominados genes, biopartículas encontradas no núcleo das células germinativas e somáticas. Esses genes portam as características físio-metabólicas e biotipológicas do indivíduo. Em realidade eles são os responsáveis pela guarda das características ancestrais transmitidas pêlos pais ao portador. Reúnem-se em grupos, enrolando-se em novelos e dando origem á denominada cromatina. No momento da fecundação, esse novelo se desenrola, originando os cromossomos em forma de bastonetes, em pares, que na espécie do canário (Serinus canarius) são em número de 18 a quantidade de pares varia de acordo com a espécie animal. Cada espécie animal possui, assim, diferentes números de cromossomos, os quais transmitem caracteres diferenciais. Esses cromossomos são de dois tipos: os autossômicos e os gonossômicos, também denominados sexuais. São eles responsáveis pelas cores e brilho das penas, pelo tamanho do bico, dos olhos e da cauda, volume da cabeça, forma e tortuosidade da coluna, bem como pelo porte do canário. Enfim, por todas as características do pássaro.
Os cromossomos andam sempre juntos, formando pares
chamados alelos. É que na reprodução sexuada, no momento da fecundação do
ovócito pelo espermatócito, na célula feminina (que se transforma em célula
ovo), se apresentam dois núcleos que se fundem, resultando duas cromatinas.
Estas, nesse momento, se desenrolam, formando 18 pares de cromossomos o paternos
e 18 pares de cromossomos maternos, portando as características de cada pai, os
quais se posicionam em paralelo e a seguir se entrecruzam no chamado crossing
over após o que se dividem, formando os cromossomos portadores de todos os
caracteres, agora já dos dois pais, transmitidos ao novo indivíduo. Os
cromossomos são constituídos de genes que apresentam uma peculiaridade
intrigante, em uma relação de domínio e recessividade. Daí a característica de
um gene dominante ativo e um correspondente recessivo inativo. Dessa forma,
somente as características dominantes irão se exteriorizar, ficando inativo o
gene recessivo. Porém, na proporção de 3:1, pode o gene recessivo se
exteriorizar. Portanto, o indivíduo é resultado das características
dominantes e recessivas transmitidas pêlos pais, e dependendo da combinação
destas características, o indivíduo pode ou não apresentar um biótipo dentro de
padrões desejados e almejados, aceitos como estéticos.
Nos dias de hoje, com os avanços da genética, que
reproduz indivíduos com as mesmas características do doador dos genes, já há
muita gente sonhando com a reprodução e formação de um plantel de campeões, com
os padrões de caracteres destes, através da denominada clonagem. Esta se resume
em remover da célula ovo o seu núcleo e nela introduzir o núcleo de uma célula
somática, de qualquer parte do organismo de um doador, núcleo este que já porta
as características que o doador possui. Desta forma, através de estímulos,
induz-se a reprodução e a multiplicação celular, formando um indivíduo com as
mesmas características do doador, que pode ser um canário campeão. Porém, tal
sonho ainda se encontra longe de ser concretizado. O que se vislumbra promissor,
conquanto já sofra críticas, é a utilização de um instrumento genético
denominado in-breeding, quer dizer, o cruzamento consangüíneo, para tentar o
aprimoramento e a obtenção de características desejadas. De fato pesquisadores
europeus têm desenvolvido técnicas que parecem promissoras à obtenção de
espécimes dentro dos padrões de conformação e beleza. Em nossa
forma de ver, é somente através do estudo e da aplicação da genética que todo o
canaricultor pode realizar o seu sonho de produzir cada vez mais campeões.
Entretanto, entendemos que para a concretização do in-breeding, o canaricultor
necessita mais de genética prática e sobretudo de paciência para obter bons
resultados e melhores exemplares de canários para o seu plantei. Em linhas
gerais, a técnica prática consiste inicialmente no cruzamento de dois
exemplares, se possível com parentesco, escolhidos entre os que melhores
características apresentam, dentre as desejadas, para o cruzamento inicial do
in-breeding. Desse cruzamento irá resultar filhotes que passam a portar 50% de
genes paternos e 50% de genes maternos, denominados de indivíduos heterozigotos,
porque resultantes de uma linha genética cruzada também denominada de mista, vez
que portam genes dominantes e recessivos. O passo seguinte é a
observação das características mais desejadas impressas nos filhotes, se são do
pai ou da mãe. Constatando-se que os filhotes se parecem mais com o pai, por
evidência o pai possui uma carga maior de genes dominantes. Se houver maior
semelhança com a mãe, os genes dominantes serão dela.
Assim poderemos escolher o exemplar que será o ápice
da linhagem a ser utilizado no line-breeding. Entretanto muitas vezes pode
ocorrer que os filhotes não portem características nem do pai, nem da mãe. Isso
se deve a lei de Mendel, que estabelece o resultado na proporção de 3:1. Em
seqüência, no segundo ano, tornando-se por exemplo que o macho seja portador de
genes dominantes, acasala-se o mesmo com a melhor de suas filhas, e caso
contrário, se for à fêmea a portadora de genes dominantes, cruza-se essa com o
melhor dos filhos do primeiro cruzamento.
Dessa forma, os filhotes
originados desse segundo cruzamento passam a portar 75% das características
dominantes, conforme o caso, do pai ou da mãe originais, ápice do line-breeding.
Em um terceiro ano, cruza-se o pai ou a mãe originais ápice do line-breeding com
os melhores dos filhos e assim teremos bisnetos do macho ou da fêmea já portando
87,5% dos genes dominantes que determinam as características
desejadas. Subseqüentemente em um
quarto ano, acasalando-se o ápice do line-bredding, ou seja, o macho ou a fêmea
originais escolhido com os melhores filhotes do terceiro cruzamento, os
exemplares resultantes desse cruzamento portarão 93,7% da carga genética
dominante, de tal forma que pode se entender que se obteve line-breeding de
exemplares dominantes puros, que são denominados tecnicamente de homozigotos.
Concluindo, é de se ter conseguido exemplares com características genéticas
(93,7% de genes dominantes), constituindo-se em uma fixação genofenótipica
portadores de características altamente desejáveis e em muitos casos
excepcionais, podendo ser o início de uma linhagem de canários ideal e
ambicionada em qualquer plantei, ao serem cruzados com exemplares de outra
linhagem. Em nossa forma de ver, a genética exerce de forma surpreendente um
fascínio ao canaricultor, no aprimoramento e busca incessante de melhores e mais
lindos exemplares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário