23 de ago. de 2015

DIÁRIO DA CRIAÇÃO DE CANÁRIOS DE COR 2

O local da criação – Estou cada vez mais convencido da necessidade de se levar muito mais à sério a escolha do lugar para a criação, especialmente depois de um ano como esse, difícil e sujeito a variações climáticas importantes.
Em primeiro lugar, devemos procurar um local para a cria conforme a adequada orientação solar da região. O ideal é aquele no qual sol da manhã incida diretamente. Isso fará com que os canários tenham uma vitalidade maios nesse período e recebam os raios solares sem a maior intensidade de calor da tarde. Devido à cria aqui no sul ser feita ainda em período de clima frio, acredito que o ideal seja que pegue sol da manhã numa parede e sol da tarde em outra, para aquecê-la e mantê-la irradiando calor a noite, além de mantê-las ambas mais secas e portanto, com o ambiente de cria mais saudável.
Esse local deverá ter uma ventilação eficiente e suportar o tamanho do plantel que se deseja alojar. Aqui, menos é mais!
Esse ano fiz alguns levantamentos bem interessantes e pude ter uma ideia preliminar (de alguns indícios) do que, por si só pode determinar o sucesso da criação.
Num criador visitado, criando em ambiente bem iluminado, aquecido, com população de 0,9 aves/m³, verifiquei que obteve uma média de 6,5 filhotes/casal. Outro, com população de 2 aves/m³ criou média de 5 filhotes/casal, outro, com 3 aves/m³ ficou em torno de 4,5 filhotes por casal e, por fim, com quase 6 aves/m³, esse último criador criou menos de 2 filhotes/casal.
Esse artigo, específico para aves de corte, pode dar uma dimensão interessante para a importância da ventilação e do bom controle ambiental: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/58306/1/doc63.pdf
Também o artigo a seguir (sobre avicultura comercial) nos é de muita utilidade:
Ventilação de verão e inverno
Extrair do aviário o calor, principalmente em dias quentes é em geral, a primeira providência a ser tomada, uma vez que as aves já se encontram empenadas. Quando a temperatura ambiente é superior a ótima, correspondente à da zona de conforto, é necessário aumentar a taxa de ventilação a fim de eliminar o calor produzido pelas aves, para evitar uma temperatura excessiva dentro da instalação. A ventilação desses ambientes pode promover melhorias nas condições termo-higrométricas, podendo representar um fator de melhora do conforto térmico de verão ao incrementar trocas de calor por convecção. Para as condições do clima tropical brasileiro a ventilação de verão necessária para aviários deve atender conjuntamente as exigências térmicas e higiênicas que vão se refletir na localização da construção, área e forma de abrir dos dispositivos (aberturas e posição das cortinas protetoras dos galpões). No verão a massa de ar se movimentará por todo o espaço inferior e superior, exercendo uma influência direta sobre o conforto e simultaneamente eliminando parte do calor acumulado em paredes laterais, piso, teto e equipamentos de alimentação, etc. Pode ser necessário uma renovação total do ar a cada minuto. Em pleno verão, o sistema de ventilação poderá estar funcionando 100% do tempo durante o período do dia e boa parte da noite. Em tais condições, melhores resultados são obtidos colocando-se as entradas de ar ao nível das aves e forçando um fluxo de ar rápido, relativamente fresco entre essas, para facilitar a extração direta do calor corporal.
Em períodos de inverno, necessita-se um ritmo de renovação mais lenta, especialmente para aves jovens. Não obstante, durante o período frio, é necessário introduzir ar fresco no aviário para repor oxigênio, assim como extrair amoníaco e umidade. O fluxo de ar deve se deslocar naturalmente pela zona superior do aviário, para evitar o efeito direto sobre os animais, de maneira que o ar fresco externo se misture com o ar interno mais quente antes de alcançar as aves. O objetivo é então estabelecer no aviário um fluxo lento de ar, evitando toda corrente fria ou muito rápida em contato com as aves. O que importa é a diferença entre a temperatura exterior e a que necessitam as aves, não a que percebe uma pessoa no aviário. As aves mais jovens requerem ambiente mais aquecido, produzem menos amoníaco e consomem menos oxigênio que aves maiores. A quantidade de ar a renovar no inverno por razão higiênica é pequena, sendo necessárias apenas superfícies reduzidas de entrada e saída; é importante que o fluxo de ar não incida diretamente sobre as aves. O problema da ventilação por cortinas durante período frio, é que o ar admitido por pequenas aberturas entra com pouca velocidade e em seguida desce ao nível do solo esfriando o ambiente ao nível das aves causando condensação, com conseguinte umedecimento da cama. Isso ocorre porque o ar frio é mais pesado que o ar quente e a tendência é abaixar e não subir. Ao mesmo tempo, o ar quente que se encontra mais acima acarreta diferença de temperatura no local, causando maior tensão nas aves.
Na figura 18 se observa que o fechamento inferior CD é menor do que o superior AB, significando que o filete de ar que escorrega pela borda B tem uma força superior ao que entra por C, imprimindo ao ar uma direção descendente. Se não existisse essa pequena saliência da cobertura que detém em parte o escape do ar para cima, e o trecho AB não fosse bastante maior que CD, o fluxo poderia adquirir outra direção. A figura 19 representa o caso inverso onde o ar circula principalmente pela parte superior.
Figura 18. Fluxo de ar devido a diferentes localizações da entrada e saída de ar.
Figura18
Figura 19. Deslocamento do fluxo de ar para a parte superior do aviário.
Figura19
Na minha concepção ideal, o criatório deve ter ao menos 3 salas diferentes: uma para cria, mais iluminada, aberta e clara, outra para recria dos filhotes com bastante espaço para voadeiras e gaiolas individuais e outra para a armazenagem e a preparação dos alimentos.
Existem estudos que dizem que os filhotes alojados na mesma sala dos pais depois de separados acabam por influenciar negativamente os índices reprodutivos, pois, com o aumento da população e as vocalizações dos filhotes, há um desestímulo para reproduzirem.
Também os filhotes, quando mal alojados, especialmente em superlotações, se desenvolvem de maneira precária, com alto índice de bicagem e mortalidade na muda de penas.
Voltando ao sol, percebo que muita gente se preocupa em demasia em manter os canários com fator vermelho em ambientes escuros, mas percebo que os pássaros mantidos nessas condições, quando exageradas, muito escuras, comem menos, ingerem menos pigmentos e são menos ativos, o que pode fazer com que não atinjam as condições ideais de plumagem para concurso. Mais à frente trataremos disso no assunto relativo ao preparo para concursos, coloração, etc.
Outro fato a ser levado em conta é a necessidade de um local para a higienização de gaiolas e utensílios, pois, não havendo, corre-se o risco de negligenciar essa necessidade fundamental do criadouro. Tanques para o molho das grades, ninhos e potes são muito eficientes. E sol para a secagem!

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