Os resultados alcançados foram
extremamente positivos, despertando na população em geral uma importante
consciência ecológica. Essa consciência ecológica mobilizou, também o meio
político e o poder legislativo. Foram criadas severas leis e editadas portarias
regulamentadoras protegendo nossos animais.
Por outro lado, esse enfoque de forma
generalizada produziu um efeito indesejável para a ornitologia nacional, na
medida que produziu na população uma aversão a jaulas e gaiolas, criando um
verdadeiro estigma. Criadores de aves, ornitófilos e ornitologistas, se viram
confundidos com pessoas que praticam atos prejudiciais e ilegais à sociedade.
Essas pessoas, verdadeiros estudiosos das aves, já prestaram e ainda prestam
enormes serviços à preservação e perpetuação desses maravilhosos animais, com
seus trabalhos conseguiram reproduzir em cativeiro grande números de espécies
silvestres antes resistentes à reprodução fora de seu habitat, eliminando o
risco de extinção de inúmeras espécies.
O estigma da Gaiola que hoje está
presente na nossa sociedade vem inviabilizando a prática de criadores e
ornitólogos, já que atinge o lado financeiro dessa atividade. O sustentáculo da
ornitologia, em um país em desenvolvimento como o Brasil, se origina na venda de
matrizes entre criadores e de exemplares ofertados nas exposições de vendas
patrocinadas pelos clubes ornitológicos, abertas ao público em geral. Dado ao
atual quadro de desinteresse, resultado do "estigma da gaiola" essas exposições
vem apresentando fraco desempenho em termos de freqüentadores, já que não são
divulgadas pela mídia, devido ao receio de serem taxadas de apoiadoras de atos
contra os animais. As agências de propaganda, canais de TV'S, jornais, revistas,
emissoras de rádios, etc, com raras exceções, relutam em abraçar e divulgar as
atividades ligadas aos clubes ornitológicos, só o fazem através de matéria paga,
dessa forma ficando sem responsabilidades pela veiculação. Fica mais cômodo para
esses órgãos de imprensa ficarem omissos na divulgação espontânea, não correndo
o risco de serem questionados.
É nesse contexto que venho conclamar uma
cruzada contra esse preconceito, com a união das ONG'S e da mídia para separar o
"joio do trigo " colocando criadores e ornitólogos de um lado e contrabandistas
e pessoas que se aproveitam dos animais para prática de atos ilegais, do outro..
Hoje temos leis fortes e modernas que coíbem as práticas prejudiciais a nossa
fauna e flora, devemos usá-las e ajudar as autoridades a exercer o rigor da lei.
Como já é sabido, a criação em cativeiro
é fundamental na preservação das espécies funcionando como um verdadeiro seguro,
mantendo um banco genético preservado e seguro a disposição do homem para
eventuais necessidades de reposição no seu habitat natural. As pesquisas e
práticas de manejos são de fundamental importância para o sucesso da criação,
tivemos enormes avanços neste campo, mas temos muitos desafios a vencer.
Somente com um grande trabalho de todos
(sociedade, criadores, clubes ornitológicos, autoridades, mídia, etc.)
conseguiremos resgatar o verdadeiro valor das atividades ligadas à criação e
preservação de nossos animais, e em especial as nossas aves e vencer esse
estigma da gaiola que tanto vem prejudicando o desenvolvimento das atividades
ornitológicas no Brasil.
Silvano Pereira
Ferraz
Nenhum comentário:
Postar um comentário